sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O barro e o oleiro














No livro do profeta Isaías (64.8), lemos: “Mas agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai; nós somos o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós obra das tuas mãos.”

Na definição de Isaías, somos barro nas mãos do Senhor. Vejamos, então, algumas lições que podem ser extraídas dessa bela metáfora.

1ª lição: O barro não tem valor.

Destituído de qualquer importância, o barro não é objeto de disputas. Não há guerras entre as nações por causa do barro. Por causa do petróleo, sim, e muitas. Por causa do ouro, sim. Por causa de drogas, sim. Mas por causa do barro, quem entraria em guerra? Ninguém! Barro não é raridade.

A causa de Jesus Cristo muito sofre por causa de nossas vaidades pessoais. Sofre quando, por exemplo, achamos que somos muita coisa, quando pensamos que a igreja fecharia suas portas se a deixássemos, que o grupo a que pertencemos se dissolveria caso saíssemos dele. É muita pretensão, você não acha? Na verdade, só Jesus é indispensável à Igreja. Ele disse aos discípulos: “Sem mim nada podeis fazer” (João 15.5).

E o apóstolo Paulo reprova essa atitude de superioridade da parte de alguns que se consideram cristãos: “Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. Porque não é aprovado aquele que se recomenda a si mesmo…” (2 Coríntios 10.17,18).

Alguém já disse certa vez: “Deus a todos fez do pó da terra; mas alguns pensam que foram feitos de porcelana.” Calma, meu jovem leitor! Você é de barro!

2ª lição: O barro é frágil.

Diferente do ferro ou do bronze, o barro se espatifa com a maior facilidade. O mesmo acontece conosco. Facilmente os nossos projetos se desmoronam de uma hora para outra. Basta uma pequena pressão da vida para que os nossos sonhos se despedacem como a botija de Jeremias (Jr 19.10).

Na década de 70 (você ainda não havia nascido), uma canção popular comunicava com clareza nossa fragilidade:

Eu sou como o cristal bonito

Que se quebra quando cai…

Essa fragilidade, no entanto, é a grande oportunidade de Deus, pois o barro pode ser modelado facilmente pelo artista. Deus é o artífice da nossa vida. Ele prefere que sejamos fracos como o barro a resistentes à sua vontade, como o bronze. Veja como Paulo explica isso: “…não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas… e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo” (2 Coríntios 12.5,9).

3ª lição: O barro não tem querer.

Ainda por intermédio do profeta Isaías, o Senhor questiona: “…porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes?” (45.9). Seria absurdo admitir um oleiro trabalhar consultando o barro sobre a forma que este deveria receber. Neste sentido, Deus ensina uma poderosa e inesquecível lição a Jeremias, ordenando-lhe que vá à oficina do oleiro e observe bem o seu modo de trabalhar. E Jeremias viu que, “como o vaso, que ele fazia de barro, se estragou na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme pareceu bem aos seus olhos fazer” (Jr 18.4). Sublinhe em sua Bíblia: “conforme pareceu bem aos seus olhos fazer”.

Ao barro não resta outra opção a não ser a de render-se à vontade soberana do artista que o manipula. Barro não faz birra. Barro não dá berro. Barro não é burro! Barro obedece!

Muitas vezes, ficamos distantes da vontade de Deus para a nossa vida simplesmente porque não aceitamos a forma que ele, artista perfeito, quer imprimir em nós. Achamos até que ele deveria ter agido dessa ou daquela maneira, esquecidos de que é ele quem tem a última palavra. Mas…

4ª lição: O barro é a matéria-prima do artista.

É o artista quem resgata o barro da mediocridade. Nas mãos dele, o barro vira arte, é analisado, admirado, exibido em galerias e… passa a valer uma fortuna! É exatamente isso que Deus faz conosco. Ele nos recolhe em seu ateliê, dá um toque aqui, um retoque ali, e vai nos transformando em verdadeira obra de arte espiritual. O apóstolo Paulo diz:

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não da nossa parte” (2Coríntios 4.7).

A parte b do versículo básico desta reflexão diz o seguinte: “…e todos nós (somos) obra das tuas mãos.” Não há dúvida de que, ao contemplar uma obra de arte, você admire o talento do artista. O mesmo acontece conosco. Nosso Senhor Jesus disse que a nossa vida deve ser tão bela neste mundo, que as pessoas que nos cercam vejam as nossas “boas obras e glorifiquem”, o artista que nos deixou assim.

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